sexta-feira, 22 de maio de 2015

Sobre o Contínuo espaço-tempo

    Alí... sentado numa cadeira  olhando o relógio a cada 5 segundos, o tempo entrou em um estado de ibernação, que só quem vive dias de tédio entende. Muito tempo se passa... Horas, talvez dias, quem sabe semanas e então o tempo volta a correr. E entre uma mensagem de celular dizendo "Tô saindo" e a mais uma outra dizendo "Tô na porta" o tempo parece ter guardado toda sua força, vigor e velocidade para os momentos que começam a se seguir!
Subo aquelas escadas com o mesmo temor e hesitação da primeira vez, observando cada detalhe, cada  luz acesa e todo sinal sonoro. Consigo superar e subir até o próximo obstáculo... enquanto isso o relógio que se recusou a trabalhar antes, agora parece fazer seu serviço freneticamente. Chego aquela porta e batendo de forma tranquila tento esconder a  ansiedade e expecativa. De novo o relógio parece parar... e fico a esperar horas, dias, talvez semanas... quanto mais próximo mais distante parece estar... de repente um ruído, conversas incompreensiveis e risadas do outro lado. Uma sombra se aproxima do olho mágico, que escurece, denuciando a presença de alguém. Mais uma vez espero e, de súbito, aquela janelinha da porta se abre. Como eu esperei por isso... aquele sorriso estava enfim a minha frente, aqueles olhos olhando pra mim evidenciando o sentimento e capturando o meu sorriso desconsertado e feliz. Quando então... a janelinha se fecha. Mais uma espera, será que esperarei horas, dias, semanas?  Não... a porta se abre e posso ver e sentir na sua totaliadade a pura e verdadeira felicidade. Um abraço, um beijo, mais um abraço e o relógio volta a trabalhar desonestamente para mim. Me deixo levar pela vontade de ser feliz, como nunca tinha sido antes, e quando menos espero,  por acaso, me deparo com o relógio.. e percebo que já se passaram horas, dias, semanas... mas quer saber!? que passe, nesse momento nada mais me importa!

sábado, 20 de julho de 2013

Cão que ladra...


Me lembro que era Dezembro, meados da década de 1990,um típico domingo ensolarado , aqueles dias em que o sol aparece depois de um longo período de chuva. O céu estava de um azul claro e nítido, nenhuma nuvem a vista. Eu, um garoto na faixa dos 7 anos de idade, acabara de voltar da missa de domingo na igreja matriz. Na volta para casa, como sempre, era indispensável a passagem pela casa dos meus avós, que ficava no caminho, lá eu entrava, cumprimentava-os e ia ao encontro dos primos.  Mas nesse domingo, especificamente, houve um convite tentador que faria o sacrifício de  ter acordado cedo num domingo valer a pena.
Um tio decidiu nos levar para uma coisa inédita pra mim, até então, assistir a um salto de paraquedas. Eu fiquei estasiado com a ideia de ver um salto de perto, como eu havia visto só na TV, minha mãe não deve ter feito nenhum tipo de objeção e então fomos, meu tio, uns dois primos e eu.
Chegando a pista de decolagem do velho e maltratado campo de aviação da cidade, já pude ver ao longe uma pequena aeronave estacionada ao lado de uma casa na cabeceira da pista, era um simples monomotor, daqueles que fazem um barulho tremendo. Nos posicionamos na varanda da casa para ver o rápido show aéreo. Eu estava muito ansioso para ver aquele salto, lembro do paraquedista ter nos convidado para vê-lo saltar de dentro do teco-teco, não lembro se ele nos chamou por pura educação ou se realmente queria um bando de crianças num velho avião a alguns pés de altitude. Mas de, qualquer forma, nosso tio se fez pronto a recusar o convite e não chegamos nem perto da aeronave.
       Haviam algumas pessoas para verem a ação do paraquedista de perto, mas não chegava a ser uma multidão, estavam ali somente amigos dele, eu acho, e pessoas que como nós, ouviram falar do feito. Enfim chegou o momento, alguns homens empurraram o avião , que estava parado ao lado da casa para o meio da pista, exatamente a nossa frente. O motor do avião foi ligado,suas hélices giravam freneticamente  e consequentemente aquele som ensurdecedor tomava conta do ambiente, mas mesmo com todo esse barulho causado pelo monomotor um outro ruído, não menos espantoso nos pegou de surpresa. Ao lado da modesta casa onde nós nos posicionamos à varanda, havia um cão vira-latas que latia de uma forma descomunal. O dono da casa logo explicou o motivo da histeria. O cachorro havia passado a noite toda amarrado ao lado do avião e o estardalhaço causado pela  partida no motor assustou bastante o animal. Passado alguns minutos, deixamos de lado esse fato e nos concentramos na preparação do paraquedista, que entrou na aeronave, que fez o contorno na pista para levantar voo.
Chegou o momento, eu estava muito animado com tudo aquilo, mas de alguma forma a figura daquele cachorro latindo me deixou com uma certa apreensão. Foi quando  o que ninguém esperava aconteceu. O cachorro havia conseguido se soltar das correntes e avançou para pista numa corrida desesperada. Chamei a atenção do meu primo, mas ele já estava de olho em tudo que acontecia. Talvez por precaução o piloto não levantou voo, melhor teria sido se ele o tivesse feito depressa , pois o vira-latas se pôs a frente do avião tentando latir mais alto do que o barulho vindo daquele motor. Fiquei tentando imaginar o que aconteceria se o cachorro se metesse entre as hélices, mas não precisei usar muito a imaginação. Numa aproximação perigosa o pobre cãozinho encosta o seu focinho na hélice o que o deixou ainda mais atordoado. Sangrando e muito assustado ele se refugiou embaixo do avião, mas não parecia muito decidido a acabar com a sua investida. Eu, desesperado na minha calma olhava aquela cena ridiculamente assustadora como se estivesse em algum sonho louco, mas infelizmente era tudo real. O cachorro num pulo improvável, tentando, quem sabe, parar com tudo o que lhe assustara foi de encontro as afiadas hélices do monomotor  que o estraçalharam em tantos quantos pedaços se podia imaginar. Foi horrível, nunca iria imaginar que aquele pobre animal pudesse por fim em sua vida de uma forma tão brutal e sangrenta.
      Todos estávamos estarrecidos, o piloto desligou o motor do avião, um homem se prontificou em juntar os pedaços do cachorro com uma pá e colocá-los dentro de um saco. Eu e meus primos corremos em direção a uma parte do animal que caíra próximo da casa, era o seu coração que de uma forma triste e asquerosa dava suas ultimas pulsadas bem aos nossos pés, na nossa frente.
Depois disso tudo eu já havia me esquecido da finalidade daquele evento. O avião levantou voo, subiu algumas centenas de  pés, o paraquedista saltou e aterrizou perfeitamente, todos nós fomos embora para casa e o meu domingo, que começou azul e ensolarado se acabou de uma forma  melancólica e  impensável para mim, no alto dos meus 7 anos.
      Acho que essa foi a primeira vez que tive um contato tão estranho com a morte, mesmo sendo de um animal vira-latas e sem nenhuma importância para mim, talvez essa experiencia tenha me ajudado a compreender mais esse fato que é como diria Ariano Suassuna através de seu famoso personagem Chicó: “ o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo morre.”

sábado, 5 de janeiro de 2013

Volta ao início



A quanto tempo não te via... suas caras, seus cheiros, suas vielas e vias...
Cadê aquele bêbado que vi passar?
Cadê aquele senhor que não deu tempo de cumprimentar?

Olha isso ali! passamos e deixamos escrito o que ia vir!
Acertamos quase em cheio...
Antes de perder o rumo
Antes de perder os freios...

Acho que conheço essa pedra do calçamento
Como as pétalas da grade do seu portão
Como o certo a se fazer ou não...

Andando na conta-mão do anoitecer
Indo contra a cultura do "O que eu quero ser"

Entre o brega e o erudito
Entre o bonzinho e o malquisto
Voltamos ao início
Com poucos sonhos... com poucas vidas... com muitos vícios!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A Geladeira Filosofal

Parado, ainda com sono, numa manhã de segunda-feira (já não era tão manhã assim),quando me olhava através do pequeno espelho no banheiro uma coisa corriqueira me chamou a atenção. Com a porta aberta me atentei ao que se via na cozinha e comecei a observar minha geladeira de estimação, uma coleção de recortes, arte, esporte, cultura, marcas, imagens abstratas e todo o tipo de referência visual. Me sentei ali, na tampa do vaso mesmo, e comecei a divagar por um bom tempo...
Será que minha vida é como essa "geladeira mosaico"? Recortes de emoções, recortes de amores,recortes de histórias, recortes de amigos ? coisas incompletas? Infelizmente, atualmente e recentemente parece ter sido assim! Pensei mais um pouco, me lembrei do café da manhã, da aula na faculdade mais tarde, da vida que tenho que seguir rotineiramente... Parei... Recobrei o meu sentido e perguntei pra mim mesmo: Será que está na hora de mudar de geladeira? Não... tá na hora de mudar de vida! 

A geladeira filosofal

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Verdade!?

Quando você menos espera
De onde menos imagina
Sai uma verdade reprimida

Do fundo do coração
do rin do fígado ou do pulmão

se é de dor vem com alegria
se é de alívio vem com rebelia
 
é um furacão numa mente pertubada
uma metralhadora invisível de palavras
 
Uma verdade oculta do nosso viver
Aquela verdade que a sobriedade
Soube esconder!



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Muito Além de um mero Mapa!

              Banda Além do Mapa

Apresentação no Bar Trapiche - Barreiras - Bahia
Quando ouvi o resultado final das primeiras gravações da Banda Além do Mapa (ainda no estúdio) me surpreendi muito, era difícil de imaginar que aquele som, aquelas letras e atitude musical vinham daqueles caras que, até então, só eram meus amigos. Demorei um pouco para digerir tudo aquilo, as letras que eu ouvia apenas em ensaios através de uma aparelhagem que não ajudava em nada, agora faziam todo sentido. Aqueles acordes e melodias, que as vezes eram interrompidos por muitas brincadeiras e discussões, neste momento, ficaram claros, audíveis e surpreendentemente arrebatadores. 
Foram alguns anos de ensaios, shows sem muita repercussão e um entra e sai de integrantes normal em toda banda iniciante, mas a Além do Mapa conseguiu gravar o primeiro "CD" (lançado apenas virtualmente) e desde então não parou. A frequência das apresentações aumentaram significativamente desde o lançamento das musicas e a presença e admiração do publico só vem crescendo neste ano de 2011. 
Pode parecer  "rasgação" de seda desnecessária, mas a verdade é que a  Banda Além do Mapa, é a unica banda local com um reconhecimento único e exclusivo por parte do publico pelo trabalho autoral. A banda faz covers em seus shows, mas sempre com a identidade própria impressa nas interpretações. Não basta tocar: Engenheiros do Hawaii, Los Hermanos, Beatles e tantas outras, tem que deixar a marca Além do Mapa em algum momento da apresentação.
Mas o que é o som da Além do Mapa? Bem... não é tão fácil de dizer ou rotular, eu poderia dizer que é um som Baiano, com todas referências a cultura Soteropolitana - Como na musica "Yemanjá" -  Poderia dizer que é aquele pop-reggae gostoso de se ouvir e de cantar - Como a musica "Deixa" - Poderia dizer que é aquele bom humor nordestino de não ter vergonha de falar que "estará com o zíper aberto, todo tarado" - Como em "Nada Romântico" -  ou imaginar uma história psicodélica ao som de guitarras pesadas e solos dignos de grandes bandas de heavy-metal - Como acontece em "Doce Vida". Poderia listar musica por musica  e encontrar referencias das mais diversas no som e nas letras da ADM, e ainda assim não teríamos uma conclusão final. O que eu posso dizer é que a Banda Além do Mapa tem uma sonoridade diferente,brasileira e nova. É assim que podemos tentar definir o som dessa Banda Baiana que tem tudo para conquistar cada vez mais o seu espaço no cenário musical brasileiro. Uma mistura improvável de estilos, gêneros e referências  que vem mudando os parâmetros da cena musical Alternativa de Barreiras-Bahia.

Banda Além do Mapa é: Ian Pitombo - Vocal
                                 Tiago Damiani - Guitarra
                                 Alam -  Bateria
                                 Caio -  Baixo
                                 Fernando - Teclados e guitarra.
Baixe e ouça, valerá a pena!


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Enquanto isso na aula de filosofia...

Continuo com essa mania
Sempre entro em conversas infinitas
Discursos antigos, velha filosofia

Immanuel, René, Tomás
Pensaram tanto, viveram pouco
E tudo ficou pra trás

E o tempo já passou
E o mundo já mudou
E vocês ficam aí...
Sem saber pra onde ir

Aspirantes a vagabundos
Pseudo-intelectuais
Professores e suas barbas
Com essa conversa fugaz

Sem querer menosprezar
Sem querer desmerecer
Cada um sabe o que faz
E uns não tem o que fazer